A 7 de março de 1946 é fundada a revista Cenáculo, por um grupo de alunos do Seminário Conciliar de Braga. Ainda mal tinha acabado a II Guerra Mundial. Nasceu no seio da Associação dos Amigos da Boa Imprensa, criada no ano anterior e sucedânea da Legião Académica, fundada em 1916.A 7 de março de 1946 é fundada a revista Cenáculo, por um grupo de alunos do Seminário Conciliar de Braga. Ainda mal tinha acabado a II Guerra Mundial. Nasceu no seio da Associação dos Amigos da Boa Imprensa, criada no ano anterior e sucedânea da Legião Académica, fundada em 1916. Ainda em finais de 1945, a 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, foi fundado à estampa o jornal “Nos quoque”. “Nos quoque gens sumus” – “Nós também somos gente, também queremos afirmar a nossa presença no campo das letras”. A iniciativa teve êxito e no ano seguinte já se procurava nome para baptizar uma revista. – Talvez Lux, dizia um. – Oh! Oh! Isso é pomada de calçado!… – Veritas, sugeria outro. – Boa vai ela!… Quem é que vai perceber esses latinórios?! Finalmente, selecionam-se quatro nomes: “Lux”, “Veritas”, “Tabor” e “Cenáculo”. Um dia, no intervalo das aulas, enquanto estava a chover, Constantino Macedo, Coelho de Barros, Ferreira de Melo e Cruz Pontes colocam quatro papelinhos dentro de um gorro para proceder ao sorteio. Da primeira vez, sai Veritas, da segunda Cenáculo, da terceira Lux e da quarta Tabor. Prossegue o escrutínio e, por três vezes consecutivas, sai Cenáculo. O nome da revista estava encontrado. Mesmo assim, decide-se tirar outra vez à sorte e sai… Cenáculo. Já não havia mais dúvidas. Quando a designação é comunicada aos colegas, ouvem-se os comentários do costume: “mas Cenáculo é marca de vinho de missa…”. Passa-se logo ao trabalho. Depois de se informarem nas livrarias Pax e Cruz, bem como nas Oficinas de S. José, são estas últimas que ficam encarregadas da impressão da nova revista. O pintor Abel Mendes prontifica-se a desenhar a primeira capa e tudo se prepara para que a revista saia a 7 de março de 1946, festa de S. Tomás de Aquino. Nesse dia, a convite dos Amigos da Boa Imprensa, o escritor Plínio Salgado vem ao Seminário Conciliar de Braga proferir uma conferência, durante a qual é distribuído o primeiro número da publicação com o lema – que ainda hoje permanece – “plus ultra”, sempre mais e melhor. Dois dias depois, o Diário do Minho rotula-a como “uma revista cem por cento do nosso tempo”, salientando “o esmero da apresentação gráfica” da publicação que já considera ser “afirmação de vitalidade, de certeza, de triunfo”. Os jornais Notícias de Famalicão, Cruzada e Ala e as revistas Estudos, Verdade e Vida e Renascença também não regateiam palavras de incentivo. No primeiro ano publicam-se quatro fascículos. Literatura, teologia, humanismo e arte religiosa são os temas em destaque. No segundo ano, é a própria Emissora Nacional que, no programa “Revista das revistas”, faz uma longa transcrição de um artigo sobre Ernesto Psichari, da autoria do então diretor Cruz Pontes. Pouco tempo depois, a Cenáculo é enviada aos alunos de todos os Seminários Maiores de Espanha e publica mesmo um artigo em castelhano, “Fuego en toda la linea” de J. A. García. No oitavo ano da publicação, é diretor da revista António Ribeiro, falecido Cardeal Patriarca de Lisboa, seguindo-se um interregno de oito anos para reaparecer em 1961, sob a direção de Jorge Coutinho. A revista abre-se aos grandes problemas da Igreja nos campos teológico, filosófico, científico, pastoral e litúrgico. Por outro lado, são organizadas conferências que trouxeram a Braga nomes como Ortega Pardo, o historiador francês Daniel-Rops, o Cardeal Garrone, o filósofo italiano Sciacca e o teólogo Padre Bernard Haring. Na revista comemorativa dos 25 anos da publicação, os responsáveis deixam “uma mensagem de gratidão para os jovens do passado e uma mensagem de esperança para os jovens do futuro”, conscientes de que a Cenáculo é “construída pelos elos de tantas gerações”. Nos anos 70, os ventos de mudança do Vaticano II chegaram à Cenáculo, como se pode ver nos temas abordados nas páginas da publicação, enquanto, na década de 80, os novos desafios surgem da evolução da escola de teologia de Braga: de Revista dos Alunos do Seminário Conciliar passa a revista dos Alunos do Instituto Superior de Teologia e, atualmente, Revista dos Alunos da Faculdade de Teologia-Braga. Em conjunto com a Associação de Estudantes, organizam-se as Jornadas Teológicas, um espaço de debate aberto à sociedade bracarense. Hoje, no início do terceiro milénio e plenamente integrada na era da informática, a Cenáculo conta já com setenta e cinco anos de existência. Setenta e cinco anos de história, setenta e cinco anos que responsabiliza os alunos da Faculdade de Teologia-Braga na prossecução de um projeto de serviço teológico, eclesial e cultural com provas dadas. Bem hajam todos os que passaram pela Cenáculo e votos de boa sorte para aqueles em cujos ombros irá recair a tarefa de corporizar o lema.
“PLUS ULTRA” – SEMPRE MAIS E MELHOR.